Relutei muito em começar a escrever sobre design inteligente. Primeiro porque não sou um especialista no caso, segundo porque, bem, dá preguiça argumentar contra a fé. O que me levou a mudar de ideia foi uma série de textos lidos em diferentes lugares, sob diferentes formatos, concomitantemente falando sobre o mesmo assunto: como há uma espécie de arquiteto maior [são todos da maçonaria?] que criou a possibilidade de vida e planejou nossas evoluções até o nosso formato atual.
Aparentemente o "design inteligente" e o argumento do "ajuste fino" servem de consolo para quem está cansado da ciência, e ainda procura respostas às questões que não contêm respostas. Tipo: "ok, aceito o big bang, mas e antes? O que havia?"
É um argumento muito mais inteligente que o simplesmente "criacionista" - que, por mais absurdo que se possa imaginar, continua a florescer grandemente em organizações como o Tea Party americano -, mas ainda assim peca por um excesso de "humanização", ou, em outros termos, de "vaidade".
Primeiro porque não aceita o aleatório. O aleatório talvez nem exista, como já disse. Talvez seja apenas a ponta de um grande sistema que nós não conseguimos ver absolutamente nada e por isso não entendemos. Mas mesmo esse raciocínio se baseia numa... crença vaidosa: acredita-se que poderemos - nós, humanos, inteligentes, dotados do polegar opositor, etc. - desvendar, um dia, esse misterioso componente aleatório.
De qualquer forma, agora, nesse momento, o aleatório continua a existir [na minha humilíssima opinião, sempre existirá o "aleatório", o "não-explicado", o "absurdo", que é para onde nossa curiosidade - científica ou banal - se moverá]. E, se não podemos entendê-lo, podemos: 1/ aceitar nossa ignorância, nossa pequeneza, nossa completa insignificância e dizer simplesmente: não sei. Não sei o que havia antes do big bang. Ou 2/ podemos dizer que, já que não temos uma explicação sobre a origem da vida, e que é tudo tão perfeito, não pode ser à toa. Isso, claro, foi obra de uma mente, ou de um ser superior, que vive no caráter do eterno [portanto mito?], que manipulou, que criou as coisas como se fossem parte integrante de um jogo de tabuleiro em que cada dado tivesse sua função devidamente inventada e aceita.
Um dos argumentos mais bizarros - não pelo exemplo em si, como se verá - que eu li foi em um livro chamado "Cerveja & filosofia". O professor assistente de filosofia da Universidade de Mississipi Neil Manson, que já escreveu sobre teologia filosófica - como aponta seu perfil no livro - afirma que nós não poderíamos apreciar a cerveja fora do esquema do "design inteligente" + "ajuste fino", porque, se formos criados - nós, Homo sapiens sapiens - há centenas de milhares de anos, a capacidade de apreciação de cerveja não teria resistido à evolução da humanidade tanto tempo até pouco mais de 8 mil anos, quando há os primeiros relatos da fabricação de cerveja, porque ela não teria razão de ser/existir até então.
Como disse, o exemplo em si não importa. Pode-se pegar qualquer outro argumento, qualquer outro caso, e ele dá um ainda mais esdrúxulo. Mas pensemos nessa questão. Pelo ponto de vista de Manson, que, no caso, representa, ou diz representar, o raciocínio do "design inteligente", a evolução eliminaria todas as nossas capacidades não utilizadas. E determinadas características seriam imanentes do homem, ou no homem.
Bem, é melhor ele dizer isso para os meus sisos, que insistiram em nascer, mesmo gerações e gerações após o fim do seu uso. Ou para as milhares de pessoas que fazem operação de apendicite. Ou para o meu dedo mindinho, que já me deu tanta dor.
Um raciocínio interessante é imaginar como a natureza [que, coincidentemente, é um dos nomes de Deus para Spinoza, que, também coincidentemente, é um dos filósofos favoritos de Einstein] exagera em vários de seus atos. O que sempre uso de exemplo é a questão da semente. De árvores a humanos, há um "desperdício" de sementes para a tentativa de procriação. Joga-se muitas para que uma, quase em caráter aleatório, germine. A quantidade exagerada é para a probabilidade aumentar. E probabilidade é apenas uma tentativa de enquadrar o aleatório.
Aparentemente o "design inteligente" e o argumento do "ajuste fino" servem de consolo para quem está cansado da ciência, e ainda procura respostas às questões que não contêm respostas. Tipo: "ok, aceito o big bang, mas e antes? O que havia?"
É um argumento muito mais inteligente que o simplesmente "criacionista" - que, por mais absurdo que se possa imaginar, continua a florescer grandemente em organizações como o Tea Party americano -, mas ainda assim peca por um excesso de "humanização", ou, em outros termos, de "vaidade".
Primeiro porque não aceita o aleatório. O aleatório talvez nem exista, como já disse. Talvez seja apenas a ponta de um grande sistema que nós não conseguimos ver absolutamente nada e por isso não entendemos. Mas mesmo esse raciocínio se baseia numa... crença vaidosa: acredita-se que poderemos - nós, humanos, inteligentes, dotados do polegar opositor, etc. - desvendar, um dia, esse misterioso componente aleatório.
De qualquer forma, agora, nesse momento, o aleatório continua a existir [na minha humilíssima opinião, sempre existirá o "aleatório", o "não-explicado", o "absurdo", que é para onde nossa curiosidade - científica ou banal - se moverá]. E, se não podemos entendê-lo, podemos: 1/ aceitar nossa ignorância, nossa pequeneza, nossa completa insignificância e dizer simplesmente: não sei. Não sei o que havia antes do big bang. Ou 2/ podemos dizer que, já que não temos uma explicação sobre a origem da vida, e que é tudo tão perfeito, não pode ser à toa. Isso, claro, foi obra de uma mente, ou de um ser superior, que vive no caráter do eterno [portanto mito?], que manipulou, que criou as coisas como se fossem parte integrante de um jogo de tabuleiro em que cada dado tivesse sua função devidamente inventada e aceita.
Um dos argumentos mais bizarros - não pelo exemplo em si, como se verá - que eu li foi em um livro chamado "Cerveja & filosofia". O professor assistente de filosofia da Universidade de Mississipi Neil Manson, que já escreveu sobre teologia filosófica - como aponta seu perfil no livro - afirma que nós não poderíamos apreciar a cerveja fora do esquema do "design inteligente" + "ajuste fino", porque, se formos criados - nós, Homo sapiens sapiens - há centenas de milhares de anos, a capacidade de apreciação de cerveja não teria resistido à evolução da humanidade tanto tempo até pouco mais de 8 mil anos, quando há os primeiros relatos da fabricação de cerveja, porque ela não teria razão de ser/existir até então.
Como disse, o exemplo em si não importa. Pode-se pegar qualquer outro argumento, qualquer outro caso, e ele dá um ainda mais esdrúxulo. Mas pensemos nessa questão. Pelo ponto de vista de Manson, que, no caso, representa, ou diz representar, o raciocínio do "design inteligente", a evolução eliminaria todas as nossas capacidades não utilizadas. E determinadas características seriam imanentes do homem, ou no homem.
Bem, é melhor ele dizer isso para os meus sisos, que insistiram em nascer, mesmo gerações e gerações após o fim do seu uso. Ou para as milhares de pessoas que fazem operação de apendicite. Ou para o meu dedo mindinho, que já me deu tanta dor.
Um raciocínio interessante é imaginar como a natureza [que, coincidentemente, é um dos nomes de Deus para Spinoza, que, também coincidentemente, é um dos filósofos favoritos de Einstein] exagera em vários de seus atos. O que sempre uso de exemplo é a questão da semente. De árvores a humanos, há um "desperdício" de sementes para a tentativa de procriação. Joga-se muitas para que uma, quase em caráter aleatório, germine. A quantidade exagerada é para a probabilidade aumentar. E probabilidade é apenas uma tentativa de enquadrar o aleatório.
Nenhum comentário:
Postar um comentário