Depois de um longo inverno - mentira, foi uma minihotwave, ou um "verão indiano", como disseram e exageraram, respectivamente, aqui - finalmente achamos uma casa. Uma casa, não, uma minicasa, porque deve ter no máximo 30 m². Cumpria, entretanto, as nossas exigências: era razoavelmente perto do metrô e na cama é possível sair pelos dois lados. As nossas exigências mudaram tanto nessa semana de procura... [Aliás, ontem fiz quatro semanas aqui, e amanhã, um mês.]
O bairro é igualmente minúsculo. É lembrado, por fãs de música, pela Abbey Road - aquela rua - que fica a cinco minutos daqui de casa. Pelos ingleses e indianos fãs do esporte, também é o lugar do estádio mais conhecido de críquete - este esporte, não esse [aliás, acabei de descobrir que sinuca tem mais audiência na televisão aqui que corrida de carro]. E, para turistas em geral, basta dizer que fica perto do Regent's Park, o segundo e, talvez, mais bonito parque aqui de Londres.
No dia-a-dia, você não atravessa a Abbey Road - apesar que, sim, talvez -, não vai a jogos de críquetes - mesmo porque eles podem demorar mais de três dias - e não vive no Regent's Park - infelizmente. O que torna o bairro único é o fato de ele não seguir a tradição de outros bairros aqui. Ou algumas tradições.
Em outros bairros, a distribuição física é assim: há a estação do metrô, que sai na rua principal, ou muito próxima a ela; nessa rua principal, há - sempre - pubs, salão de beleza e uma casa de apostas, além de uma série de lojas, dependendo do tamanho do seu bairro. Nas ruas de trás, em paralelo com a rua principal, ficam as casinhas em estilo vitoriano, que foram convertidas e hoje abrigam até quatro flats. Fomos em vários bairros, e eles respeitavam, razoavelmente, esse mesmo processo. Além disso, você sempre encontrará uma vendinha, chamada aqui de off-licence, pilotada por um imigrante indiano, paquistanês, bangladeshi, ou árabe ou persa, em que é possível comprar groceries e bebida. E sempre há um restaurante indiano, em que se vende curry a no máximo £4.
Em St. John's Wood, não. Segundo meu amigo Wikipedia, as construções aqui são do mesmo século XIX, mas do tipo "Villa", como, aliás, me parece ser a nossa. Um pátio interno, com casas ao redor. Não vimos também nenhuma off-licence, mas uma delicatessen, ou uma padaria francesa, ou um açougue, ou duas lojas de vinho, ou um empório de produtos italianos. E, em vez de restaurante indiano, há franceses, e italianos caros.
A vizinhança é basicamente de gente rica. Há muito árabe com cara de sultão, por exemplo. Um dia, vi um fulano com aquele paninho na cabeça que os reis da Arábia Saudita usam. Há quase engarrafamento de Porsche diariamente. Além de um dia ter visto uma fila encabeçada por uma Ferrari. Para terminar, Kate Moss mora aqui.
Acho que um dia vão descobrir que não pertencemos a esse lugar e nos expulsar.
O bairro é igualmente minúsculo. É lembrado, por fãs de música, pela Abbey Road - aquela rua - que fica a cinco minutos daqui de casa. Pelos ingleses e indianos fãs do esporte, também é o lugar do estádio mais conhecido de críquete - este esporte, não esse [aliás, acabei de descobrir que sinuca tem mais audiência na televisão aqui que corrida de carro]. E, para turistas em geral, basta dizer que fica perto do Regent's Park, o segundo e, talvez, mais bonito parque aqui de Londres.
No dia-a-dia, você não atravessa a Abbey Road - apesar que, sim, talvez -, não vai a jogos de críquetes - mesmo porque eles podem demorar mais de três dias - e não vive no Regent's Park - infelizmente. O que torna o bairro único é o fato de ele não seguir a tradição de outros bairros aqui. Ou algumas tradições.
Em outros bairros, a distribuição física é assim: há a estação do metrô, que sai na rua principal, ou muito próxima a ela; nessa rua principal, há - sempre - pubs, salão de beleza e uma casa de apostas, além de uma série de lojas, dependendo do tamanho do seu bairro. Nas ruas de trás, em paralelo com a rua principal, ficam as casinhas em estilo vitoriano, que foram convertidas e hoje abrigam até quatro flats. Fomos em vários bairros, e eles respeitavam, razoavelmente, esse mesmo processo. Além disso, você sempre encontrará uma vendinha, chamada aqui de off-licence, pilotada por um imigrante indiano, paquistanês, bangladeshi, ou árabe ou persa, em que é possível comprar groceries e bebida. E sempre há um restaurante indiano, em que se vende curry a no máximo £4.
Em St. John's Wood, não. Segundo meu amigo Wikipedia, as construções aqui são do mesmo século XIX, mas do tipo "Villa", como, aliás, me parece ser a nossa. Um pátio interno, com casas ao redor. Não vimos também nenhuma off-licence, mas uma delicatessen, ou uma padaria francesa, ou um açougue, ou duas lojas de vinho, ou um empório de produtos italianos. E, em vez de restaurante indiano, há franceses, e italianos caros.
A vizinhança é basicamente de gente rica. Há muito árabe com cara de sultão, por exemplo. Um dia, vi um fulano com aquele paninho na cabeça que os reis da Arábia Saudita usam. Há quase engarrafamento de Porsche diariamente. Além de um dia ter visto uma fila encabeçada por uma Ferrari. Para terminar, Kate Moss mora aqui.
Acho que um dia vão descobrir que não pertencemos a esse lugar e nos expulsar.
2 comentários:
Vi umas fotos de St. John's Wood, parece bem agradavel!
É estranho pra quem viveu a vida toda no Rio de Janeiro associar construções baixas com riqueza. E ter a vista do horizonte completamente desimpedida seja por não haverem morros ou prédios!
Comentei hoje com José Luiz que Londres é uma cidade estranhamente plana.
Estranhamente para a gente, claro.
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