sexta-feira, 4 de junho de 2004

Continuando co'a porqueira:

"A manhã me viu de pé, no banheiro, contemplando no vaso a curiosa entidade que eu tinha produzido: um objeto cilíndrico, bem-formado, de cor saudável textura fina, superfície lisa, quase acetinada. E tinha, à guisa de olhos, dois grãos de milho.

(...)

Estava tão bem ali, que vacilei em dar a descarga.

(...)

Passei a rebentação e fui nadando longe, longe, mas sempre melancólico. Nadando, eu chorava, sabendo que minhas lágrimas se misturariam ao mar, não me acarretando nenhum problema. De súbito, o que avisto boiando? O pequeno cilindro marrom com seus espertos olhinhos amarelos! Não pude conter um grio de alegria: era um bom presságio, aquilo!"

Moacyr Scliar, "(o ciclo das águas)", pág. 105. Detalhe: a personagem, Marcos, está nadando na praia do Flamengo. Não é de se espantar que ele encontre tal "objeto" boiando.

Nenhum comentário: