Último post desse naipe de porqueira:
Vi uma seleção de trabalhos do Michel Gondry, o cara atualmente. Dentre clipes, entrevistas com ele e com artistas que foram dirigidos por ele e algumas perguntas para a sua mãe, que pode ser encontrada com relativa freqüência nos seus sets de filmagem, encarei dois curtas de início de carreira. Legaizinhos, nada demais, apenas aqui e ali se encontra algo melhor. Típico primeiros filmes, mesmo. Mas mesmo assim, já parece que nos filmes dele, quando aparece algo improvável, ou mesmo impossível, ele deve se fazer a pergunta: mas por quê? Por que não posso fazer esse carro voar, ora?
Utilizando a desculpa de retratar um sonho, por exemplo, ele abusa de uma realidade que não encontramos normalmente nas ruas, assim, digamos, todos os dias. O segundo curta, por exemplo, começa com um sujeito saindo do banheiro, e logo após ele, sai um cago (um cara toscamente vestido de cago), gritando para que seu "pai" o espere. O mais engraçado é que o cocô chama seu "pai", ora de pai, mesmo, e ora de Michel. Diz que foi ele que o produziu, logo ele tem uma responsabilidade para com ele. E abusa de piadas com duplos sentidos baseadas na cagança. É tão surreal que é engraçado.
Conto o final porque não atrapalha - e mesmo porque o final em si é bem fraquinho. Depois de um dia de convivência, fazendo Michel passar por todas as vergonhas possíveis, os dois dormem juntos, na mesma cama. Ao amanhecer, o cocô se transformara num nazista caricato, com suástica no braço e bigodinho.
O filme acaba aí, mas só nesses detalhes surreais, sem nenhuma explicação cabível, podemos antever o que Gondry se transformaria: um cineasta surpreendente, sempre.
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