Ainda antes dos pitacos, outro assunto:
"Na literatura você tem dois caminhos: ou você viveu grandes experiências, como Joseph Conrad ou Herman Melville, e depois vai escrever sobre aventuras - Tufão, do Conrad ou aqueles livros do Melville; ou então você vai ser um escritor formado pelas leituras que você teve, e essa é uma linhagem que eu sempre me identifiquei mais. E vendo a biografia de Machado e Borges eu vi que tinha uma identidade com esses autores. Quando eu comecei a querer produzir minha própria obra, já na maturidade, eu vi que tinha uma influência, um impacto disso, e se eu tentasse disfarçar ia parecer uma influência explícita, quase uma imitação. Então eu resolvi transar isso diretamente: vou explicitar na forma de um tributo. Peguei a obra dos dois e problematizei. Um primeiro livro de contos sobre a obra do Borges (Que Fim Levou Brodie?, 1996), o segundo um romance em cima do trabalho do Machado de Assis (Braz, Quincas & Cia, 2002) e no terceiro, o Memorial, eu juntei. Foi uma coisa que começou meio improvisada e depois, lá pelo terceiro livro, eu fiz o planejamento e vi que podia fazer essa leitura. E a partir de agora eu me sinto "liberado" da minha dívida e vou partir para novos projetos que já estão em gestação, romances que não tenham a ver com essa coisa de "livro sobre livro", metalinguagem e tal. Mas eu achava que tinha que passar por essa trilha, por esse caminho de homenagear esses dois escritores."
Além de um sobrenome de peso, Antônio Fernando Borges tem opiniões bem interessantes. Acho que já sei quais livros vou ler em seguida...
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