E o passageiro sofrendo ainda mais hoje |
O transporte público carioca - e brasileiro - tem diversos erros. Para começar, está nas mãos privadas. A lógica desse tipo de empresa raramente é a de atender as demandas da população. Não há público, aliás, mas consumidores. Há metas a serem batidas, custos a cortar, lucros a aumentar. Tudo, independentemente dos prejuízos ao maior interessado - o passageiro.
Seria apenas horrível, caso tivéssemos uma fiscalização decente. Sem querer cair na reclamação vazia, sem qualquer fundamento, basta dizer que o secretário estadual de Transportes é Júlio Lopes. Para descobrir o nome do municipal, eu tive que recorrer ao Google. Ah, sim, agora é o Carlos Osório. O homem que se vende como o descascador de pepinos da prefeitura. Responsável pelos choques-de-ordem, por exemplo. Que acabou com os camelôs da cidade e com toda a falta de organização da cidade. Sim. Antes dele? Não sei.
É comum dizer que, afora a violência, o transporte público é o problema que mais afeta a cidade como um todo. Claro que a nossa educação é vista como um lixo e a saúde, uma vergonha, mas provavelmente elas não atendem 3,2 milhões de pessoas por dia. Considerando que a população pendular em dias de semana do Rio gira em torno de 8 milhões de gente de carne e osso, é 40% do todo. Se fosse só a população oficial da cidade, seria a metade.
É essa galera que enfrenta ônibus lotado, quente, bancos desconfortáveis, sem um amortecimento real, com motorista estressado, que corre, cometendo infrações atrás de infrações. Diariamente. Quem mora na Zona Sul do Rio - os ricos - ainda tem algumas vantagens: como a quantidade razoável - às vezes excessiva - de veículos. Os demais, nem isso.
Quando os motoristas e trocadores resolvem parar de trabalhar para reclamar melhores condições de trabalho, eles estão apenas tirando a máscara que encobre o nosso dia-a-dia. Apenas dizendo que, se considerarmos o transporte, não temos absolutamente nada a comemorar. Ao contrário. Hoje deveria ser um dia de luto.
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