quarta-feira, 20 de março de 2013

'Na guerra se aceita matar'

RH - O senhor citou os organismos de segurança, inclusive o DOI-Codi. Dentro desses órgãos havia tortura. Como o senhor vê a tortura nesse período?
GB - Eu acredito que tenha havido. Pelo background dos componentes. A nossa polícia sempre torturou, continua torturando nas delegacias. Não foi uma coisa inventada na hora. Já havia e continua havendo. Não é bonito. Mas que faz parte dos usos e costumes da nossa polícia, em todo o Brasil. A tortura que muitos alegam às vezes faz parte da propaganda. Muita gente foi presa e agora diz que na verdade não foi torturada, não.
RH -O general Leônidas fala em uma entrevista sobre o “Orvil”: “Estávamos em guerra e a única coisa bonita numa guerra é a vitória”. O senhor acha que vivíamos em guerra?
GB - Sim.
RH -E na guerra vale tudo?
GB - Na guerra, se aceita matar. Matar é um crime, nas condições normais de temperatura e pressão. A guerra é uma situação de exceção onde eu admito matar, arrombar, invadir outro país, obrigar a população a vir para um lado ou para o outro, se não fizer eu bombardeio.
RH -Mas existe algum limite?
GB - Existem coisas que a repressão não podia fazer, mas o guerrilheiro podia. Ele lutava pelo bem maior, ele podia matar, sequestrar, explodir.
RH -Mas houve mortes e, senão sequestros, prisões do lado da repressão.
GB - Sim.
RH -Então, de certa forma...
GB - Era uma guerra.
RH -O que, então, não pode ser feito?
GB - A convenção de Genebra. Ela se aplicou a alguma guerra, ou ela se aplica só depois da guerra para quem perdeu? Ao vencedor as batatas, e aos perdedores, um prêmio de guerra.
O resto da entrevista aqui.

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