Hoje foi a cabine de "Consumido pelo ódio", filme coreano-japonês de Yoichi Sai cujo maior chamariz para os ocidentais médios é a presença do diretor-ator Takeshi Kitano no papel principal. Para os orientais, é a adaptação do livro "Chi to Hone" de Sogil Yan que, segundo o email da assessoria, foi disputado a tapa pelos produtores japoneses.
A história, entretanto, não é exatamente original - mesmo que esse conceito seja impossível de se alcançar. Se não, vejamos: homem violento e machista usa da força física para conseguir tudo o que quer, seja sexo, dinheiro ou, mais amplamente, poder. Vale ressaltar também que a obra original é uma versão da própria biografia de Sogil Yan. Poderíamos lembrar de algo parecido em, por exemplo, "A cor púrpura". Mudando, apenas, as características externas: se havia neste a dicotomia bracos x negros, naquele há japoneses x coreanos - com as mesmas características de preconceito e submissão de um lado para o outro.
Claro que isso não importa muito. O filme é um épico. Narra a história de Shunpei Kim, um coreano que emigra para Osaka na década de 1920 procurando melhores condições de vida e não deixa que nada o impeça de alcançar o seu objetivo: ser rico. É uma trama encorpada, com um protagonista do tipo durão-cruel, há tempos distante das telonas. Há cenas memoráveis, como a luta entre Kim e seu filho mais velho na chuva, o corte do porco, a alimentação "fortificantes" de Kim entre outras. A produção é impecável, vivemos o crescimento de uma pequena cidade japonesa ao longo do século XX. O pano de fundo é interessantíssimo, mostrando a relação entre os japoneses e os coreanos. Se não fosse pela música, ora exagerada, ora melosa demais, ora forçando uma emoção desnecessária, poderíamos dizer que é um grande filme.
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