Estava num ônibus e poltronas à minha frente estava Heloísa Helena com algum assessor ou miquinho amestrado - não há muita diferença. E eu, só pensando, "que popular, que povão".
Depois, estávamos em um descampado e, por acaso, me deparei com ela. Não titubeei: "Helô, você acha que conseguirá passar desse limite de 10%?" E ela, à perfeição da personagem, talvez só com um ou outro detalhe incorporado da minha imaginação sonífera, subiu num monte de terra que apareceu logo atrás dela, puxou um cigarro, o acendeu e começou a falar com aquela voz de taquara rachada, mas que logo chamou a atenção de todos presentes (estava bem lotado), de maneira messiânica: "Se eu tiver 25 soldados e eles me perguntarem se vamos vencer a guerra, já estaremos perdidos. Mas se eu tiver 10 forminhas (1), poderemos ganhar a batalha". Nessa hora acordei. E percebi que estou com bruxismo.
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Minhas interpretações (se não quiser saber, pode parar de ler agora): Estive cara-a-cara com o Minc no sábado e fiquei com uma vontade danada de perguntá-lo por que ele não havia abandonado o PT, como a maioria dos militantes mais conhecidos do partido. Também queria inquiri-lo sobre a sua falta de ambição política: há anos ele só tenta - e consegue - se eleger para deputado estadual.
Domingo, conversei com dois amigos que são geniais. E eles estavam decepcionados com a política. Curiosamente, tendem a votar no Lula, mas um deles ainda cogita o voto de protesto na Heloísa Helena.
(1) Forminha, na minha cabeça sonífera, seria um reprodutor de informação - foi o que eu pensei no instante em que acordei. No contexto queria dizer, creio eu, aquele que passará adiante a minha palavra - para usar uma conotação apostólica, bem apropriada ao messianismo presente na fala.
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