O cinema EMD Walthamstow, no nordeste de Londres, tem um passado incomparável. Foi construído em Art déco em 1887, oito anos antes dos irmãos Lumière fazerem sua primeira projeção pública, para ser um espaço de dança, shows e peças. Depois de já transformado para os filmes, na década de 1930, foi o provável cinema preferido do adolescente Alfred Hitchcok, que crescia num bairro vizinho. Mais tarde, serviu de palco para bandas e cantores tão diferentes quanto relevantes como Beatles, Jerry Lee Lewis, Rolling Stones, Kinks, Little Richard, Who, Chuck Berry e Buddy Holly.
Já o seu presente, pode ser, sim, comparado com, ao menos, outros dois cinemas de Londres e inúmeros outros no Rio e no Brasil: pertence à Igreja Universal do Reino de Deus e periga virar o espaço para outro tipo de veneração. Desde 2003, quando a igreja, conhecida na Inglaterra pelo acrônimo em inglês UCKG, comprou o espaço, ela tenta mudar legalmente o uso do prédio e ter autorização para reformá-lo. Desde então, seus pedidos foram negados pelos representantes da prefeitura. Mais uma decisão está programada para sair em junho. Mas, caso perca, a igreja poderá iniciar novamente todo o processo.
- Como eles são os donos do imóvel, eles têm o direito de fazer quantos pedidos quiserem –, explica Gerri Ellis, um dos organizadores do movimento Save Walthamsow Cinema, que começou exatamente em 2003, para salvar o único cinema e impedir que Walthamsow continue com o terrível título de único bairro em Londres sem qualquer espaço para a projeção de filmes. – Nos primeiros anos, houve apenas uma pequena campanha, porém com o passar do tempo, e com esse prédio tristemente abandonado na rua principal, mas ainda assim lindo, as pessoas começaram a se perguntar por que alguma coisa não estava sendo feita.
A campanha ganhou o apoio de gente de renome, como Mick Jagger, o filósofo pop Alain de Botton e a deputada Stella Creasy. A parlamentar argumenta, por exemplo, que o prédio é o último cinema construído pelo designer russo Theodore Komisarjevsky em todo o Reino Unido que ainda não foi demolido ou transformado em bingo, supermercado ou academia. Mais recentemente o rapper Professor Green entrou na batalha ao dizer a um jornal local que Londres estava “perdendo muitos cinemas” e que esse específico era um dos mais bonitos. Entre essas perdas mencionadas por Green estão dois outros imóveis, também comprados pela Igreja Universal e transformados em templos, o Rainbow Theatre, no bairro vizinho de Finsbury Park, e The National, no noroeste de Londres, em Kilburn Park.
O imponente Rainbow, que na época da sua construção, nos anos 1930, era um dos maiores cinemas do mundo, é uma espécie de sede da Igreja Universal em Londres. Ficam lá os bispos e pastores que, por exemplo, tomam conta das obras de manutenção do Walthamstow. Confrontados pessoalmente sobre o assunto, eles disseram que se posicionariam por email. Mas apesar do contato com a relações públicas da instituição, as perguntas enviadas não foram respondidas.
O prédio onde o jovem Hitchcock pode ter visto seus primeiros filmes vive hoje atrás de andaimes, ostenta uma árvore não planejada no telhado e tem um grupo de operários portugueses e romenos que tentam evitar o pior. Um desses operários, que não quis se identificar, porque, segundo ele, tinha sido instruído por pessoas da igreja a jamais conversar com jornalistas, falou que, quando recebeu encomendas dias antes e eles tiveram que abrir a garagem, o lugar ficou cheio de curiosos.
- Eu pedi às pessoas para saírem. O departamento de segurança de obras de Londres não deixa ninguém que não seja ligado diretamente à reforma ficar lá dentro – explicou, antes de insistir que não podia conversar muito porque tinha medo de perder o emprego. – Um dia, um senhor já idoso que mora por aqui veio me dizer que desde que inventaram a TV, esse cinema nunca mais foi o mesmo. Eu concordo com ele. Já não é mais possível existir cinemas desse estilo.
Não é o que o pessoal da campanha para salvar o espaço acha. No site criado para atualizar informações sobre a ação, eles enumeram diversos casos de ressurreição e sucesso de cinemas antigos, grandes e, aparentemente, obsoletos. Para que o EMD Walthamstow tenha esse destino, eles estão arrecadando dinheiro para tentar recomprar o cinema. Basta saber se a Igreja vai querer revender.
Já o seu presente, pode ser, sim, comparado com, ao menos, outros dois cinemas de Londres e inúmeros outros no Rio e no Brasil: pertence à Igreja Universal do Reino de Deus e periga virar o espaço para outro tipo de veneração. Desde 2003, quando a igreja, conhecida na Inglaterra pelo acrônimo em inglês UCKG, comprou o espaço, ela tenta mudar legalmente o uso do prédio e ter autorização para reformá-lo. Desde então, seus pedidos foram negados pelos representantes da prefeitura. Mais uma decisão está programada para sair em junho. Mas, caso perca, a igreja poderá iniciar novamente todo o processo.
Tapumes e andaimes escondem a fachada do cinema, que nos áureos tempos era assim. |
- Como eles são os donos do imóvel, eles têm o direito de fazer quantos pedidos quiserem –, explica Gerri Ellis, um dos organizadores do movimento Save Walthamsow Cinema, que começou exatamente em 2003, para salvar o único cinema e impedir que Walthamsow continue com o terrível título de único bairro em Londres sem qualquer espaço para a projeção de filmes. – Nos primeiros anos, houve apenas uma pequena campanha, porém com o passar do tempo, e com esse prédio tristemente abandonado na rua principal, mas ainda assim lindo, as pessoas começaram a se perguntar por que alguma coisa não estava sendo feita.
A comunidade parece apoiar o grupo que quer salvar o cinema |
O imponente Rainbow, que na época da sua construção, nos anos 1930, era um dos maiores cinemas do mundo, é uma espécie de sede da Igreja Universal em Londres. Ficam lá os bispos e pastores que, por exemplo, tomam conta das obras de manutenção do Walthamstow. Confrontados pessoalmente sobre o assunto, eles disseram que se posicionariam por email. Mas apesar do contato com a relações públicas da instituição, as perguntas enviadas não foram respondidas.
Operário que quase não falou porque estava com medo |
- Eu pedi às pessoas para saírem. O departamento de segurança de obras de Londres não deixa ninguém que não seja ligado diretamente à reforma ficar lá dentro – explicou, antes de insistir que não podia conversar muito porque tinha medo de perder o emprego. – Um dia, um senhor já idoso que mora por aqui veio me dizer que desde que inventaram a TV, esse cinema nunca mais foi o mesmo. Eu concordo com ele. Já não é mais possível existir cinemas desse estilo.
Não é o que o pessoal da campanha para salvar o espaço acha. No site criado para atualizar informações sobre a ação, eles enumeram diversos casos de ressurreição e sucesso de cinemas antigos, grandes e, aparentemente, obsoletos. Para que o EMD Walthamstow tenha esse destino, eles estão arrecadando dinheiro para tentar recomprar o cinema. Basta saber se a Igreja vai querer revender.
2 comentários:
Ronaldo, muito bom. Triste ver esse tipo d ecoisa acontecer.
Abs,
Paulo
poisé. agora, por outro lado, será que o pedreiro não tá certo?
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