Claro que não é possível dizer o que é mito nem o que é verdade sobre qualquer país, assim, num texto de blog. Talvez nem em uma tese de doutorado. O que vou fazer aqui é comparar as minhas expectativas com o que eu encontrei até agora. Pode ser coincidência ou outro nome que queiram dar. Mas o critério é claro: a minha memória confrontando a minha memória.
"Bloody" - Parece que é uma forma de eufemismo com palavrões de verdade - tipo o que os puritanos americanos fazem com o "Gosh" - *arrepios*. Ou eu não encontrei pessoas eufêmicas ou os londrinos não falam "bloody" normalmente.
"Fog" - antes de vir, escutei que só havia a famosa neblina imortalizada nos livros do fim da era vitoriana [Dickens, Conan Doyle etc.] era resultado da queima de carvão para a produção de energia. Ou seja, seria um efeito colateral da revolução industrial, ainda na sua primeira fase [lembrai que ela começou aqui, em Manchester], e não seria natural, portanto. Bem, ela existe. Talvez porque ainda não deixamos de usar combustível fóssil, apesar de tanta campanha contra o aquecimento global. O fato é que ainda encontramos, vez por outra, essa neblina densa, que apaga o outro lado da rua. Parece, para mim, leigo, entretanto, apenas vapor d'água.
"Indeed" - Se fala, claro, mas não a todo momento. São muito mais criteriosos que o senso comum aplica. Ouvi pouco. Há um caso, porém, que vale o registro. É fácil escutar as pessoas falarem "thank you very much indeed" - como se quisessem deixar claro que querem agradecer. A minha teoria é que "thank you" sozinho ficou tão banalizado, se fala a todo momento, que acabou perdendo a sua verdadeira vocação de agradecer. Daí se colocou o "very much" para dar uma entonação de, agora é de verdade, porém, ele também caiu no uso comum e perdeu toda a força que tinha. Daí, agora as pessoas tascam o "indeed" para deixar claro que se ela falou isso tudo ele realmente quer agradecer. Acho que o processo é o mesmo que aconteceu com o espanhol "chiquitito".
"Mate" & "fellow" - Fala-se, a toda hora. "Fellow" é uma espécie de terceira pessoa do singular não oficial. Quando quer falar sobre alguém ausente, ele é "fellow". Já "mate", é a segunda pessoa, com quem se está falando.
"Cheers" - Esse, então... Já está totalmente no sangue. Para qualquer, mas qualquer coisa mesmo, como sinônimo de agradecimento informal, como no famoso "cheers, mate", dito para o garçom do pub que acabou de te servir uma "ale". Acho que é o mesmo processo que aconteceu com "valeu", no português do Rio. Usa-se a todo momento. E, igual a "valeu", quando queremos agradecer verdadeiramente à pessoa, acrescentamos um "thanks" em seguida.
"Excuse me" & "sorry" - acho que se uma pessoa vier para Londres só sabendo falar essas duas palavras e "thank you", consegue viver um bom tempo sem nem perceber que precisava de inglês. Fala-se tanto e a toda hora que às vezes a pessoa junta as duas para pedir licença e desembarcar do metrô lotado do rush.
Imigrantes - dizem que Londres é a cidade com o maior número de línguas - segundo matéria que li do "Guardian", eram 300 diferentes. Além disso, 30% da população não nasceu aqui. Em alguns lugares, você se esquece que está na Inglaterra. Já falei que em Wembley há anúncios para as pessoas não cuspirem no chão - um costume dos indianos que mascam o paan [um enrolado de diversas sementes e sabores para mastigar e sentir o gosto, mais ou menos como se fazia com o fumo de rolo.] Em Brixton, os cabeleireiros são todos especializados em penteados afros. Londres é incrível exatamente porque você pode conhecer o mundo, sem sair da sua cidade. E, aparentemente, os ingleses-ingleses, aqueles de pele branca e bochecha rosada, gostam disso também.
"Fish and chips" - A comida inglesa-inglesa é difícil de se encontrar, mas, quando se acha algo verdadeiramente inglês, e bem feito, é incrível. Esqueça, por favor, o "fish and chips", que só os ingleses-ingleses comem. Opte, por favor, pelo "roast" de domingo - servido em qualquer pub que se preze. Em vez do fish and chips, faça como o resto da Europa, coma um kebab.
Island and Continent - sim, há claramente uma divisão entre a UK e o resto da Europa. Primeiro porque a UK é uma ilha. Depois, por causa do dinheiro [pounds x euros]. Mas, principalmente, porque os ingleses podem até ser agregadores, mas eles gostam mesmo é de fazer as coisas sozinhos. Sempre, como exemplo, podemos citar o anúncio de quase todos os pubs que dizem que têm "real ales" e "continental lagers". Faz todo o sentido.
"Bloody" - Parece que é uma forma de eufemismo com palavrões de verdade - tipo o que os puritanos americanos fazem com o "Gosh" - *arrepios*. Ou eu não encontrei pessoas eufêmicas ou os londrinos não falam "bloody" normalmente.
O "Daily mail" fez um trocadilho ["pun", sim, eles realmente fazem trocadilhos a todo o momento nos jornais] chamando essa montagem de Londres, de ontem, de "A tale of two cities". |
"Indeed" - Se fala, claro, mas não a todo momento. São muito mais criteriosos que o senso comum aplica. Ouvi pouco. Há um caso, porém, que vale o registro. É fácil escutar as pessoas falarem "thank you very much indeed" - como se quisessem deixar claro que querem agradecer. A minha teoria é que "thank you" sozinho ficou tão banalizado, se fala a todo momento, que acabou perdendo a sua verdadeira vocação de agradecer. Daí se colocou o "very much" para dar uma entonação de, agora é de verdade, porém, ele também caiu no uso comum e perdeu toda a força que tinha. Daí, agora as pessoas tascam o "indeed" para deixar claro que se ela falou isso tudo ele realmente quer agradecer. Acho que o processo é o mesmo que aconteceu com o espanhol "chiquitito".
"Mate" & "fellow" - Fala-se, a toda hora. "Fellow" é uma espécie de terceira pessoa do singular não oficial. Quando quer falar sobre alguém ausente, ele é "fellow". Já "mate", é a segunda pessoa, com quem se está falando.
"Cheers" - Esse, então... Já está totalmente no sangue. Para qualquer, mas qualquer coisa mesmo, como sinônimo de agradecimento informal, como no famoso "cheers, mate", dito para o garçom do pub que acabou de te servir uma "ale". Acho que é o mesmo processo que aconteceu com "valeu", no português do Rio. Usa-se a todo momento. E, igual a "valeu", quando queremos agradecer verdadeiramente à pessoa, acrescentamos um "thanks" em seguida.
"Excuse me" & "sorry" - acho que se uma pessoa vier para Londres só sabendo falar essas duas palavras e "thank you", consegue viver um bom tempo sem nem perceber que precisava de inglês. Fala-se tanto e a toda hora que às vezes a pessoa junta as duas para pedir licença e desembarcar do metrô lotado do rush.
Imigrantes - dizem que Londres é a cidade com o maior número de línguas - segundo matéria que li do "Guardian", eram 300 diferentes. Além disso, 30% da população não nasceu aqui. Em alguns lugares, você se esquece que está na Inglaterra. Já falei que em Wembley há anúncios para as pessoas não cuspirem no chão - um costume dos indianos que mascam o paan [um enrolado de diversas sementes e sabores para mastigar e sentir o gosto, mais ou menos como se fazia com o fumo de rolo.] Em Brixton, os cabeleireiros são todos especializados em penteados afros. Londres é incrível exatamente porque você pode conhecer o mundo, sem sair da sua cidade. E, aparentemente, os ingleses-ingleses, aqueles de pele branca e bochecha rosada, gostam disso também.
Mesmo que pareça apetitoso, aconselho: evite fish and chips. |
Island and Continent - sim, há claramente uma divisão entre a UK e o resto da Europa. Primeiro porque a UK é uma ilha. Depois, por causa do dinheiro [pounds x euros]. Mas, principalmente, porque os ingleses podem até ser agregadores, mas eles gostam mesmo é de fazer as coisas sozinhos. Sempre, como exemplo, podemos citar o anúncio de quase todos os pubs que dizem que têm "real ales" e "continental lagers". Faz todo o sentido.
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