A Inglaterra - e Londres não poderia ser diferente - é um país baseado em uma aristocracia. Algumas pessoas são mais que outras, em algum aspecto, simplesmente porque nasceram em determinada família. Isso não quer dizer, porém, que a monarquia, em si, seja menos democrática que a república. Como já bem disse um amigo meu -dos que são mais inteligentes que eu- se pegarmos os países europeus que ainda são monarquias e compararmos com o restante do planeta, eles vão parecer infinitamente mais democráticos. Pense apenas que a maioria das monarquias aqui por esses lados fica ali no lado nórdico.
De toda forma, o monarca nesses países -ou ao menos aqui no Reino Unido-, apesar de toda a pompa, sempre se comporta como um servo dos seus súditos -como, aliás, deveria se comportar qualquer autoridade pública, que ganha o dinheiro do cidadão comum. Aqui na Inglaterra, ainda há a diferença que, segundo ouvi, a família real não recebe um real dos cofres públicos. É autossustentável. Ou seja, é só bônus sem ônus [generalizado, ok, generalizando...].
De qualquer forma, essa tradição elitista é sim bastante comum na Inglaterra -mesmo na cosmopolita Londres. Acho que a tal "fleugma" inglesa, tão propagada, tem uma de suas possíveis origens daí. O inglês se acha tão superior que não precisa se misturar com a plebe. E, quando se mistura, tem a certeza absoluta de que, por conta de sua superioridade nata, não vai ser contaminado.
Mesmo assim, é melhor evitar. Sabe como é, né. Vai que... Assim, Londres -e, eu imagino, toda a Inglaterra, e também, por consequência, os países colonizados por ingleses*- é lotada de clubes privados. "Clubes privados", a expressão, me lembra apenas uma coisa: "Eyes wide shut" e o seu baile de máscaras.
Porém, os clubes privados não são iguais entre si, nem necessariamente iguais à sequência final do derradeiro filme de Kubrick. Ou não são apenas. Aqui na minha esquina, há um, o Lyndhurst club, que se autointitula, "The Largest Japanese Gentleman's Nightclub in London" onde é possível tomar um uísque Macallan 25 anos por apenas £ 450. Ok, é caro. Melhor ficar mesmo com Jack Daniels, por £ 100. É melhor deixar claro, todavia, que eu nunca vi ninguém usando máscara nas ruas. Eles anunciam, contudo, karaokês lá dentro, com mulheres "selecionadas" [se o googletranslate funcionou direito], claro.
Outro exemplo: está rolando uma exposição com as fotos do clube da Playboy, aqui de Londres, que se vende como um espaço para se relaxar, tomar uma bebida, comer algo, conversar com os amigos, fumar um charuto e jogar. Ou seja, nada diferente até o fato de as crupiês serem coelhinhas da Playboy vestidas a caráter [veja acima].
A foto de divulgação da exposição, como se vê abaixo, é a dos Beatles com o Maharishi Mahesh Yogi e um grupo de pessoas apenas conversando. Além desse grupinho intrépido, a exposição chamada apropriadamente de "Sorry You Missed the 60’s" conta com fotos de Grace Kelly [não é um espaço só para meninos, veja só], Winston Churchill e o escritor Somerset Maugham [que devia estar bem velhinho, porque morreu aos 91 anos em 1965].
Fora isso, "The London Magazine", que, por algum acaso, nós recebemos de graça, vem com uma reportagem de capa sobre os novos clubes só para sócios de Londres. Descreve oito diferentes espaços que podem custar de meros £ 40 por mês, no caso do Hub King's Cross, que é quase um lugar para se trabalhar, à bagatela de £ 20.000, de joias, mais a anuidade de £ 1.000, no 5 Hertford Street, que fica atrás da embaixada da Arábia Saudita [não deve ser uma coincidência] e promete privacidade com P maiúsculo. Não deve ser, mesmo, uma coincidência.
Um dos mais... hum... interessantes é "The Arts Club", que diz ter sido fundado em 1863, e ter tido entre os seus participantes gente como Charles Dickens e Rodin, além de hoje em dia ter como convivas Gwyneth Paltrow, Stella McCartney e, como DJ, Mark Ronson. Fazer parte é mole. Basta pagar £ 1,5 mil, para se juntar, depois, £ 1,5 mil por ano. Ah, e esperar a fila, que demora hoje cerca de dois anos.
Eu, seguidor da única vertente do Marxismo possível, o groucho-marxismo, costumo torcer um pouco o meu nariz para esses clubes privados, exatamente por serem privados, portanto, de certa forma, aristocráticos, se dando ao direito de não permitir algumas pessoas de entrar e outras sim, baseadas em critérios para lá de controversos. Sigo a máxima do sábio Groucho de que "I don't care to belong to a club that accepts people like me as members". Mas a História, essa senhora irônica, fez mais uma das suas. É possível ser sócio do Groucho Club, especializado em gente de mídia, no Soho.
* No "Midnight's Children", Rushdie inventa um clube em Mumbai onde os indianos poderiam se comportar luxuriamente como ocidentais, em completo sigilo e escuridão. Porém, a cada semana, um dos participantes seria escolhido por uma roleta e revelado para os demais, com o intuito de aumentar o sentimento de aventura dos participantes.
De toda forma, o monarca nesses países -ou ao menos aqui no Reino Unido-, apesar de toda a pompa, sempre se comporta como um servo dos seus súditos -como, aliás, deveria se comportar qualquer autoridade pública, que ganha o dinheiro do cidadão comum. Aqui na Inglaterra, ainda há a diferença que, segundo ouvi, a família real não recebe um real dos cofres públicos. É autossustentável. Ou seja, é só bônus sem ônus [generalizado, ok, generalizando...].
De qualquer forma, essa tradição elitista é sim bastante comum na Inglaterra -mesmo na cosmopolita Londres. Acho que a tal "fleugma" inglesa, tão propagada, tem uma de suas possíveis origens daí. O inglês se acha tão superior que não precisa se misturar com a plebe. E, quando se mistura, tem a certeza absoluta de que, por conta de sua superioridade nata, não vai ser contaminado.
Mesmo assim, é melhor evitar. Sabe como é, né. Vai que... Assim, Londres -e, eu imagino, toda a Inglaterra, e também, por consequência, os países colonizados por ingleses*- é lotada de clubes privados. "Clubes privados", a expressão, me lembra apenas uma coisa: "Eyes wide shut" e o seu baile de máscaras.
Porém, os clubes privados não são iguais entre si, nem necessariamente iguais à sequência final do derradeiro filme de Kubrick. Ou não são apenas. Aqui na minha esquina, há um, o Lyndhurst club, que se autointitula, "The Largest Japanese Gentleman's Nightclub in London" onde é possível tomar um uísque Macallan 25 anos por apenas £ 450. Ok, é caro. Melhor ficar mesmo com Jack Daniels, por £ 100. É melhor deixar claro, todavia, que eu nunca vi ninguém usando máscara nas ruas. Eles anunciam, contudo, karaokês lá dentro, com mulheres "selecionadas" [se o googletranslate funcionou direito], claro.
Outro exemplo: está rolando uma exposição com as fotos do clube da Playboy, aqui de Londres, que se vende como um espaço para se relaxar, tomar uma bebida, comer algo, conversar com os amigos, fumar um charuto e jogar. Ou seja, nada diferente até o fato de as crupiês serem coelhinhas da Playboy vestidas a caráter [veja acima].
A foto de divulgação da exposição, como se vê abaixo, é a dos Beatles com o Maharishi Mahesh Yogi e um grupo de pessoas apenas conversando. Além desse grupinho intrépido, a exposição chamada apropriadamente de "Sorry You Missed the 60’s" conta com fotos de Grace Kelly [não é um espaço só para meninos, veja só], Winston Churchill e o escritor Somerset Maugham [que devia estar bem velhinho, porque morreu aos 91 anos em 1965].
Confere o parágrafo anterior, por favor, para saber o que acontece na foto |
Um dos mais... hum... interessantes é "The Arts Club", que diz ter sido fundado em 1863, e ter tido entre os seus participantes gente como Charles Dickens e Rodin, além de hoje em dia ter como convivas Gwyneth Paltrow, Stella McCartney e, como DJ, Mark Ronson. Fazer parte é mole. Basta pagar £ 1,5 mil, para se juntar, depois, £ 1,5 mil por ano. Ah, e esperar a fila, que demora hoje cerca de dois anos.
Eu, seguidor da única vertente do Marxismo possível, o groucho-marxismo, costumo torcer um pouco o meu nariz para esses clubes privados, exatamente por serem privados, portanto, de certa forma, aristocráticos, se dando ao direito de não permitir algumas pessoas de entrar e outras sim, baseadas em critérios para lá de controversos. Sigo a máxima do sábio Groucho de que "I don't care to belong to a club that accepts people like me as members". Mas a História, essa senhora irônica, fez mais uma das suas. É possível ser sócio do Groucho Club, especializado em gente de mídia, no Soho.
* No "Midnight's Children", Rushdie inventa um clube em Mumbai onde os indianos poderiam se comportar luxuriamente como ocidentais, em completo sigilo e escuridão. Porém, a cada semana, um dos participantes seria escolhido por uma roleta e revelado para os demais, com o intuito de aumentar o sentimento de aventura dos participantes.
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