Como se sabe, a polícia inglesa não usa armas - só em situações muito, muito raras. Há até uma reclamação da falta de energia no combate à criminalidade em episódios como os riots, em que os policiais só foram autorizados a usar balas de borracha depois de dias de confusões, o que foi tido como pouco efetivo.
Essa semana, os jornais começaram a falar sobre o pedido do chefe da polícia para que todos os agentes metropolitanos usem uma arma que dispara dardos que dão choque. A razão para tal seria o fato de alguns policiais terem se ferido gravemente na tentativa de parar um suspeito armado com uma faca de açougueiro. Outros meios de comunicação, por outro lado, disseram que tal proposta recebeu críticas de ONGs, como a Anistia internacional.
Mesmo sabendo dessa tradição de não ter armas, esse cenário é curioso para quem veio de um país onde todos soldados PMs podem ter qualquer arma - e geralmente usam dessa prerrogativa para ter logo rifles de guerra, para "combater", nas palavras mais comuns, os "soldados do tráfico". Realidades diferentes, me dirão. Eu, que ignoro a realidade, prefiro falar, agora, sobre os frios números, que provam o que nós quisermos provar. Vou provar, então, que menos armas querem dizer menos homicídios.
Não pode ser coincidência que a Inglaterra tenha uma das menores taxas de homicídio por arma de fogo no mundo. Em 2000, ficava em 0,12 para cada 100.000 pessoas. Para efeito de comparação, o Canadá tem 0,54, a Finlândia tem 0,43, a Dinamarca, 0,26. Do outro lado da tabela, a Colômbia fica com 51.77. O nosso Brasil brasileiro fica com 18,2, nesse mesmo período - até 2008, a conta não tinha mudado muito. Se juntarmos outras formas de homicídio, a taxa inglesa sobe para 1,45, ainda abaixo do Canadá, por exemplo [1,58].
No mesmo ano de 2000, o Brasil apresentava taxa de 26,7 [a atual é um pouco menor: 25,6]. Se dividirmos por estados, e pegarmos o Rio como exemplo - porque está mais à mão - ficaremos impressionados que, em 2000, a taxa de homicídios só por armas de fogo era de 42,6. Nos últimos anos, tem melhorado e o número de 2008 foi 23,9 - mas, ainda assim, altíssimo. De todos os homicídios em 2008, 81,4% eram cometidos por armas de fogo - o segundo maior número do Brasil. Voltando ao exemplo inglês, essa taxa fica em 8%.
Nos últimos anos, em números absolutos, as taxas de homicídio no Brasil só tiveram queda em 2004. Caíram de novo em 2005 e depois voltaram a crescer em 2006, caíram novamente em 2007 e subiram em 2008.
Vou me permitir interpretar esses números, do meu jeito. Vou afirmar que a queda de 2004 foi exatamente no ano seguinte ao da promulgação da nova lei do desarmamento. E que a subida de 2006 foi logo após o plebiscito que propunha acabar com a venda de armas do Brasil, mas que foi encampada por setores da imprensa como uma forma de interferir nas liberdades pessoais.
Lembro da minha mãe falando que a polícia inglesa era a melhor do mundo e não precisava usar armas para isso. Usava a inteligência. Mesmo que o mundo não seja tão mais inocente desse jeito - e casos como o de Jean Charles nos dão provas disso - continuo achando que um mundo sem armas seria melhor.
Tive três parentes de primeiro grau que foram mortos por armas de fogo - todos pobres, todos moradores da periferia, mesmo que uma periferia no meio dos centros mais ricos. Dois deles [um tio, irmão da minha mãe, e um primo, filho de uma irmã de minha mãe] não eram próximos, eu pouco tinha contato. O terceiro [também um primo, também filho de outra irmã da minha mãe] era bem próximo, talvez o meu primo mais próximo. Poderia estar usando esses casos para fazer proselitismo. Mas não é o caso. Estou usando apenas a matemática.
Essa semana, os jornais começaram a falar sobre o pedido do chefe da polícia para que todos os agentes metropolitanos usem uma arma que dispara dardos que dão choque. A razão para tal seria o fato de alguns policiais terem se ferido gravemente na tentativa de parar um suspeito armado com uma faca de açougueiro. Outros meios de comunicação, por outro lado, disseram que tal proposta recebeu críticas de ONGs, como a Anistia internacional.
Mesmo sabendo dessa tradição de não ter armas, esse cenário é curioso para quem veio de um país onde todos soldados PMs podem ter qualquer arma - e geralmente usam dessa prerrogativa para ter logo rifles de guerra, para "combater", nas palavras mais comuns, os "soldados do tráfico". Realidades diferentes, me dirão. Eu, que ignoro a realidade, prefiro falar, agora, sobre os frios números, que provam o que nós quisermos provar. Vou provar, então, que menos armas querem dizer menos homicídios.
Não pode ser coincidência que a Inglaterra tenha uma das menores taxas de homicídio por arma de fogo no mundo. Em 2000, ficava em 0,12 para cada 100.000 pessoas. Para efeito de comparação, o Canadá tem 0,54, a Finlândia tem 0,43, a Dinamarca, 0,26. Do outro lado da tabela, a Colômbia fica com 51.77. O nosso Brasil brasileiro fica com 18,2, nesse mesmo período - até 2008, a conta não tinha mudado muito. Se juntarmos outras formas de homicídio, a taxa inglesa sobe para 1,45, ainda abaixo do Canadá, por exemplo [1,58].
No mesmo ano de 2000, o Brasil apresentava taxa de 26,7 [a atual é um pouco menor: 25,6]. Se dividirmos por estados, e pegarmos o Rio como exemplo - porque está mais à mão - ficaremos impressionados que, em 2000, a taxa de homicídios só por armas de fogo era de 42,6. Nos últimos anos, tem melhorado e o número de 2008 foi 23,9 - mas, ainda assim, altíssimo. De todos os homicídios em 2008, 81,4% eram cometidos por armas de fogo - o segundo maior número do Brasil. Voltando ao exemplo inglês, essa taxa fica em 8%.
Nos últimos anos, em números absolutos, as taxas de homicídio no Brasil só tiveram queda em 2004. Caíram de novo em 2005 e depois voltaram a crescer em 2006, caíram novamente em 2007 e subiram em 2008.
Vou me permitir interpretar esses números, do meu jeito. Vou afirmar que a queda de 2004 foi exatamente no ano seguinte ao da promulgação da nova lei do desarmamento. E que a subida de 2006 foi logo após o plebiscito que propunha acabar com a venda de armas do Brasil, mas que foi encampada por setores da imprensa como uma forma de interferir nas liberdades pessoais.
Lembro da minha mãe falando que a polícia inglesa era a melhor do mundo e não precisava usar armas para isso. Usava a inteligência. Mesmo que o mundo não seja tão mais inocente desse jeito - e casos como o de Jean Charles nos dão provas disso - continuo achando que um mundo sem armas seria melhor.
Tive três parentes de primeiro grau que foram mortos por armas de fogo - todos pobres, todos moradores da periferia, mesmo que uma periferia no meio dos centros mais ricos. Dois deles [um tio, irmão da minha mãe, e um primo, filho de uma irmã de minha mãe] não eram próximos, eu pouco tinha contato. O terceiro [também um primo, também filho de outra irmã da minha mãe] era bem próximo, talvez o meu primo mais próximo. Poderia estar usando esses casos para fazer proselitismo. Mas não é o caso. Estou usando apenas a matemática.
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