domingo, 20 de novembro de 2011

Leste europeu

Ontem, fomos ao "London Jazz festival", para ver uma banda que não tem nada de jazz: Emir Kusturica [descobri que se pronuncia "kusturitza"] & No Smoking Orchestra. Resumindo em uma linha: é tudo o que o Gogol Bordello queria ser, mas nunca teve suavidade para tal. Não quer dizer que eles sejam "suaves" no palco - não, usam do esquema balcãs + ciganos + punk + danças estilizadas + recursos pirotécnicos + um vocalista elétrico + interação com o público + músicas incidentais. Porém, usam de mais delicadeza, de mais inteligência, para tratar desses... temas, desses assuntos. Talvez porque contam com o moço que dá nome para metade da banda, o tal Emir Kusturica, que, para quem não sabe, é duas vezes ganhador da palma de ouro de Cannes [só vi dele "Underground", que é de uma loucura muito saudável].

De qualquer forma, como dizem aqui, não é o meu "cup of tea". Não me empolga. É um show animado, em que as pessoas sobem ao palco, que o violinista toca seu instrumento usando a boca, que o guitarrista faz um truque com a guitarra... mas, ao fim, pensamos mais nesses recursos que na música em si. O bielorusso que estava conosco ficou revoltado porque, em tom de galhofa, esses sérvios, ex-iugoslavos, que sacaneavam o marechal Tito em Belgrado, tocaram o hino da União Soviética. A russa nem reparou, assim como o búlgaro - que fazia aniversário de 23 anos - e a romena, que tem 22. Imagino que eram muito novos para saber o que foi viver sob a cortina.

Todo o ingresso, contudo, já tinha valido a pena na banda de abertura. Com o péssimo nome de Gabby Young and other Animals [Gabby é a vocalista, uma branquela, com cabelos ruivos de comercial de tintura, que domina completamente o palco, desde o primeiro instante], eles também misturam a tradição do leste europeu, mas muito mais vezes passada pelo filtro de ingleses que vivem numa Londres multicultural, sim, mas que tem uma fortíssima tradição na música pop. É simplesmente incrível. O mesmo bielorusso disse que foi a melhor banda de abertura que ele já tinha visto na vida. As pessoas, no intervalo, ficavam cantando o refrão da última música ["Whose house", incrível]. Melhor que ler sobre, é ouvir.



ps. semana que vem temos uma festa "gipsy". Já sei como importunar o DJ.

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