Todas as pessoas que nos visitaram nesse último ano em Londres - das mais variadas vertentes - tiveram apenas um único discurso em comum: como o Rio de Janeiro está caro. Como os preços tinham aumentado vertiginosamente nesse período e como nós tomaríamos um susto quando voltássemos. Parecia discurso ensaiado. Parecia que realmente teríamos um problema para nos adaptar à realidade financeira carioca, pós-Londres.
Não foi o caso. Ou não foi um caso unânime. Considerando que a capital da Inglaterra é uma das cidades mais caras do mundo, é provável que estivéssemos anestesiados com os preços. Também é provável que tenhamos aprendido a evitar os preços mais assombrosos daqui. Tipo, comprando mais coisas no supermercado e almoçando em casa o máximo possível.
De toda forma, sim, os sustos vieram. Ao almoçar no Viena, do Rio Sul, um restaurante a quilo sem qualquer frescura, pagamos uma conta de R$ 64! Perguntamos duas vezes para a moça do caixa se estava correto, se era isso mesmo, mas, após fazermos as contas de que o quilo era R$ 45, não tinha como redarguir. A comida, porém, não compensou o preço. Era bem ruim. Também nos assustamos quando pagamos R$ 12 num chope de 300 ml do camarada Botto, no boteco Colarinho. Ao menos, a cerveja era de ótima qualidade - apesar de estar mais gelada do que deveria.
Uma das principais características do serviço em Londres, me pareceu, era o preço-justo. Jamais paguei por um pint [568 ml] de ale mais que £4,5, lá, mesmo nas áreas mais turísticas, nos gastropubs mais estrelados, pelas cervejas mais premiadas. É bom ressaltar que raramente paguei menos que £3,5, também [fora de Londres, consegui pagar até menos de £2]. Eu já não perguntava preço, apenas ia ao balcão e perguntava se podia pagar no cartão. Claro que há restaurantes absurdamente caros, e às vezes até overpriced lá, mas nunca houve uma surpresa. Sabíamos onde eles ficavam e os evitávamos. Mas mesmo os grandes chefs-sensação, como o Gordon Ramsay, têm restaurantes acessíveis aos simples mortais.
Já de volta ao Brasil, é possível ver que produtos importados são mais salgados que lá em Londres. Cervejas belgas, vinhos italianos, queijos franceses, cuscus marroquinos. Tudo isso é incomparavelmente mais caro. Uma Chimay pequena de rótulo vermelho, por exemplo, se paga £4,5 em um bar. Aqui, se você encontrar por menos de R$ 30, me avise. Para compensar a falta desses produtos de fora, tentei por em prática o que Getúlio Vargas, na Segunda Guerra Mundial, nos ensinou: a substituição das importações.
Eu optei por valorizar o mercado nacional de cervejas, que está crescendo e tem ótimos preços, além de produtos cada vez melhores. Comprei, no supermercado, um litro da Sul Americana, de puro malte e da mesma cervejaria que produz a St. Gallen e a Therezópolis, por cerca de R$ 6. Eu posso comprar as frutas nossas, fazer saladas, comer em casa, cozinhar mais. Eu posso evitar queijos importados, e vinhos. Posso tentar descobrir o que é nosso, mais de acordo com o nosso clima - e com o nosso bolso. Experimentar tapioca, escolher batata baroa, usar mamão. E, eu já pude comprovar, os preços dos nossos produtos não subiram tanto assim.
Reclamar que os produtos importados são bem mais caros aqui que na Europa é repetir um discurso, cuja realidade não tem previsão de mudar. O transporte é caro, e não vai diminuir tão cedo. Há o custo Brasil. A alfândega é lenta. Os impostos de importação. Também achar que não se pode viver sem esses produtos é um sentimento que pode até aparecer, mas que, na minha opinião, deve ser combatido. Por que insistir nesse raciocínio, que só vai trazer decepção?
Um outro ponto muito comum entre os ingleses quando a relação é consumo é a proposta do shopping-local. Poderia ser a resposta para as nossas questões. Quanto mais próximo do produtor, melhor o produto. De preferência, compre direto dele, em pequenas feirinhas, no próprio bairro. Se é para importar alguma coisa, comecemos pela ideologia que nos ajuda.
Não foi o caso. Ou não foi um caso unânime. Considerando que a capital da Inglaterra é uma das cidades mais caras do mundo, é provável que estivéssemos anestesiados com os preços. Também é provável que tenhamos aprendido a evitar os preços mais assombrosos daqui. Tipo, comprando mais coisas no supermercado e almoçando em casa o máximo possível.
De toda forma, sim, os sustos vieram. Ao almoçar no Viena, do Rio Sul, um restaurante a quilo sem qualquer frescura, pagamos uma conta de R$ 64! Perguntamos duas vezes para a moça do caixa se estava correto, se era isso mesmo, mas, após fazermos as contas de que o quilo era R$ 45, não tinha como redarguir. A comida, porém, não compensou o preço. Era bem ruim. Também nos assustamos quando pagamos R$ 12 num chope de 300 ml do camarada Botto, no boteco Colarinho. Ao menos, a cerveja era de ótima qualidade - apesar de estar mais gelada do que deveria.
Uma das principais características do serviço em Londres, me pareceu, era o preço-justo. Jamais paguei por um pint [568 ml] de ale mais que £4,5, lá, mesmo nas áreas mais turísticas, nos gastropubs mais estrelados, pelas cervejas mais premiadas. É bom ressaltar que raramente paguei menos que £3,5, também [fora de Londres, consegui pagar até menos de £2]. Eu já não perguntava preço, apenas ia ao balcão e perguntava se podia pagar no cartão. Claro que há restaurantes absurdamente caros, e às vezes até overpriced lá, mas nunca houve uma surpresa. Sabíamos onde eles ficavam e os evitávamos. Mas mesmo os grandes chefs-sensação, como o Gordon Ramsay, têm restaurantes acessíveis aos simples mortais.
Já de volta ao Brasil, é possível ver que produtos importados são mais salgados que lá em Londres. Cervejas belgas, vinhos italianos, queijos franceses, cuscus marroquinos. Tudo isso é incomparavelmente mais caro. Uma Chimay pequena de rótulo vermelho, por exemplo, se paga £4,5 em um bar. Aqui, se você encontrar por menos de R$ 30, me avise. Para compensar a falta desses produtos de fora, tentei por em prática o que Getúlio Vargas, na Segunda Guerra Mundial, nos ensinou: a substituição das importações.
Eu optei por valorizar o mercado nacional de cervejas, que está crescendo e tem ótimos preços, além de produtos cada vez melhores. Comprei, no supermercado, um litro da Sul Americana, de puro malte e da mesma cervejaria que produz a St. Gallen e a Therezópolis, por cerca de R$ 6. Eu posso comprar as frutas nossas, fazer saladas, comer em casa, cozinhar mais. Eu posso evitar queijos importados, e vinhos. Posso tentar descobrir o que é nosso, mais de acordo com o nosso clima - e com o nosso bolso. Experimentar tapioca, escolher batata baroa, usar mamão. E, eu já pude comprovar, os preços dos nossos produtos não subiram tanto assim.
Reclamar que os produtos importados são bem mais caros aqui que na Europa é repetir um discurso, cuja realidade não tem previsão de mudar. O transporte é caro, e não vai diminuir tão cedo. Há o custo Brasil. A alfândega é lenta. Os impostos de importação. Também achar que não se pode viver sem esses produtos é um sentimento que pode até aparecer, mas que, na minha opinião, deve ser combatido. Por que insistir nesse raciocínio, que só vai trazer decepção?
Um outro ponto muito comum entre os ingleses quando a relação é consumo é a proposta do shopping-local. Poderia ser a resposta para as nossas questões. Quanto mais próximo do produtor, melhor o produto. De preferência, compre direto dele, em pequenas feirinhas, no próprio bairro. Se é para importar alguma coisa, comecemos pela ideologia que nos ajuda.
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