segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Mano de quem?

O maior mistério da atualidade, na minha humilíssima opinião, é essa saída de Mano Menezes. E, principalmente, a baixa repercussão que o assunto tem rendido. Não seria esse o cargo político mais importante do país? Não foi já dito [quem disse, aliás?] que o posto é tão importante que deveria ser escolhido via eleição popular? Como assim não houve manifestações, protestos em praça pública, passeatas de descontentamento para reclamar dessa saída muito pouco explicada do Mano e, principalmente, por nos deixar órfãos do verdadeiro salvador da pátria, até janeiro?

Na verdade, essa manobra esquisitíssima apenas reforça a imagem de uma confederação de futebol cada vez mais anacrônica. Para começar, a informação da saída de Mano, num momento em que todos os que assistem a futebol concordavam que a seleção dava sinais de ter finalmente encontrado um rumo para o time, um caminho, foi dada pelo André Sanchez, que eu ainda não entendi muito bem que papel tem na CBF - aparentemente, chefe de seleções, seja lá o que isso quer dizer na prática. O vice-presidente para assuntos gerais, Marco Polo Del Nero, só se pronunciou depois, dizendo que era tudo coisa do Marin. E José Maria Marin, presidente da CBF, falou muito mal sobre o assunto.

A história piora. Em vários lugares, saiu a informação de que Sanchez, que é filiado ao PT e amigo pessoal de Lula, seria o único interlocutor da CBF com a presidência da República. O motivo não é o fato de Marin roubar até medalhas da própria federação que presidia, mas o passado de Marin, que teria, supostamente, ligação com a tortura e morte de Vladimir Herzog [esse link ao menos explica, em parte, a pouca repercussão desse assunto, a meu ver]. Dilma não aceita esse passado de Marin.


E aí, você escolheria esse fulano para ser o
responsável pela Copa do Mundo no Brasil?

Repito para você, caso não tenha percebido: o presidente da CBF e do comitê organizador da Copa de 2014, um dos principais eventos esportivos do mundo, não tem relações com o poder executivo federal. Acho que não precisamos nem imaginar na Copa.

E o caso pode se tornar ainda mais assustador: Sanchez, numa manobra que para mim tem todas as cores da política, veio a público falar exatamente o que Marin não queria: que Felipão será o próximo treinador. E, antes que ele seja demitido por isso, já avisou que vai sair da CBF. Ou seja, fez questão de sujar tudo antes de fechar a porta.

Sanchez está num jogo de só ganhar: ou ele sai como vítima da situação, já que disse que foi voto vencido na saída de Mano, ou consegue impedir que Felipão, que não é a sua indicação, assuma. E caso permaneça na CBF, o que é muito difícil mas não impossível, será porque Marin teve que admitir a sua indispensabilidade - e aí ele se torna mais importante que o próprio presidente. Esse Sanchez puxou mesmo o seu padrinho político.

Ah, mas e o torcedor? Quem se importa com ele, né?

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