Pesquisando para uma pauta que envolve, de alguma forma, futebol, acabei me deparando com a informação de que todos os outros tricolores mais assíduos que eu já sabem: o Fluminense pode ser considerado, sim, campeão mundial. Basta levarmos em conta o mesmo critério dado a outros clubes. O Palmeiras, por exemplo. Em 2007, time paulista foi considerado campeão do mundo de 1951 pela Fifa, por ter vencido a Copa Rio. O Fluminense venceu esse mesmo campeonato no ano seguinte.
Na mesma reportagem, já havia a insinuação de que o time das Laranjeiras iria entrar com o processo na federação internacional para ter esse título justamente homologado. Também é dito que o recurso palmeirense demorou seis anos para ser julgado válido, o que nos leva a crer que, caso se continue nessa mesma velocidade, o Fluminense pode [e deve] ser bicampeão mundial em 2013.
Por que não se fala tanto disso? Tenho uma hipótese. Porque o Fluminense teve mais com o que se preocupar desde então. A partir de 2007, o Fluminense venceu a Copa do Brasil, ganhou dois campeonatos brasileiros e foi terceiro colocado no outro, foi vice na Libertadores, na Sul-Americanca, e ainda levou um carioca de lambuja. Não conseguiu se concentrar nos processos burocráticos extra-campo.
E é exatamente quando isso acontece, quando se preocupa apenas com o que acontece dentro das quatro linhas, que o Fluminense enche os tricolores das maiores glórias. Não é quando os dirigentes viram a mesa, quando estouram champanhe, quando evitam passar pela segunda divisão para voltar à primeira. Mesmo que os demais times também tenham máculas em suas histórias, o Fluminense não poderia ter se apequenado. Não o Fluminense. Não o Fluminense, que fascina pela sua disciplina.
Cair para uma divisão inferior acontece - pode acontecer - com qualquer clube. Faz parte das regras do futebol e, mesmo que isso eventualmente não tenha acontecido com todos, é uma questão de tempo, imagino, para que ocorra. Mas a virada de mesa foi uma vergonha para os tricolores.
Ser tricolor não me dá o direito de ser cego, de torcer pelo time sem considerar todos os seus problemas. Ser crítico faz parte do ato de ser Fluminense. Assim como faz parte, por exemplo, a elegância. Todo tricolor, mesmo o mais precário, o mais pobre, o mais sem dentes, tem essa característica. Se eu não me engano, Nelson já tinha falado sobre isso. Nelson, provavelmente o maior tricolor de todos os tempos.
Nossa elegância independe de qualquer origem e da classe social. Costumo dizer que o homem mais elegante que eu já vi foi negro, favelado, pobre e sambista: Cartola. Era um homem que mesmo sentado no chão de poeira mantinha uma fleugma, uma postura altiva. Que tinha uma fidalguia, mesmo sem ser filho de um ou outro sobrenome importante. Não por acaso, era tricolor. A lista dos elegantes tricolores pode continuar com Fernanda Montenegro, Chico Buarque, Gilberto Gil, e seguir muito adiante. Você vê em todos eles essa confiança em si, esse respirar fundo, essa certeza pessoal, essa calma, essa superioridade.
Mas não é um sentimento de superioridade em relação ao outro, é uma superioridade isolada, individual, sem precisar de uma outra pessoa para se medir. O tricolor seria superior, seria elegante mesmo numa ilha deserta. Não é algo que se aprende, nem um fru-fruzismo. Não é frescura. É requinte, distinção, esmero, graça. Ou você nasce com a elegância ou não.
Não é algo simples de se definir com palavras. É sempre ter a cabeça erguida, mesmo nos momentos mais duros, em paz, em harmonia. Elegância é saber lutar, quando a esperança, a esperança parece desaparecer, e saber que dali, do fundo do poço se pode encontrar as forças para fazer uma virada, mas não uma virada de mesa. É lutar com vigor, raça, com garra, descobrir um time de guerreiros, quando se tem ínfimas possibilidades de salvação, como aconteceu em 2009, e mudar a história de uma geração. Arrancar dali para uma série de títulos.
Elegância é ter orgulho de ser tricolor.
Na mesma reportagem, já havia a insinuação de que o time das Laranjeiras iria entrar com o processo na federação internacional para ter esse título justamente homologado. Também é dito que o recurso palmeirense demorou seis anos para ser julgado válido, o que nos leva a crer que, caso se continue nessa mesma velocidade, o Fluminense pode [e deve] ser bicampeão mundial em 2013.
Torcedores do Flu registraram o tetra nas Laranjeiras (Foto: André Casado / Globoesporte.com) |
E é exatamente quando isso acontece, quando se preocupa apenas com o que acontece dentro das quatro linhas, que o Fluminense enche os tricolores das maiores glórias. Não é quando os dirigentes viram a mesa, quando estouram champanhe, quando evitam passar pela segunda divisão para voltar à primeira. Mesmo que os demais times também tenham máculas em suas histórias, o Fluminense não poderia ter se apequenado. Não o Fluminense. Não o Fluminense, que fascina pela sua disciplina.
Cair para uma divisão inferior acontece - pode acontecer - com qualquer clube. Faz parte das regras do futebol e, mesmo que isso eventualmente não tenha acontecido com todos, é uma questão de tempo, imagino, para que ocorra. Mas a virada de mesa foi uma vergonha para os tricolores.
Ser tricolor não me dá o direito de ser cego, de torcer pelo time sem considerar todos os seus problemas. Ser crítico faz parte do ato de ser Fluminense. Assim como faz parte, por exemplo, a elegância. Todo tricolor, mesmo o mais precário, o mais pobre, o mais sem dentes, tem essa característica. Se eu não me engano, Nelson já tinha falado sobre isso. Nelson, provavelmente o maior tricolor de todos os tempos.
Nossa elegância independe de qualquer origem e da classe social. Costumo dizer que o homem mais elegante que eu já vi foi negro, favelado, pobre e sambista: Cartola. Era um homem que mesmo sentado no chão de poeira mantinha uma fleugma, uma postura altiva. Que tinha uma fidalguia, mesmo sem ser filho de um ou outro sobrenome importante. Não por acaso, era tricolor. A lista dos elegantes tricolores pode continuar com Fernanda Montenegro, Chico Buarque, Gilberto Gil, e seguir muito adiante. Você vê em todos eles essa confiança em si, esse respirar fundo, essa certeza pessoal, essa calma, essa superioridade.
Mas não é um sentimento de superioridade em relação ao outro, é uma superioridade isolada, individual, sem precisar de uma outra pessoa para se medir. O tricolor seria superior, seria elegante mesmo numa ilha deserta. Não é algo que se aprende, nem um fru-fruzismo. Não é frescura. É requinte, distinção, esmero, graça. Ou você nasce com a elegância ou não.
Não é algo simples de se definir com palavras. É sempre ter a cabeça erguida, mesmo nos momentos mais duros, em paz, em harmonia. Elegância é saber lutar, quando a esperança, a esperança parece desaparecer, e saber que dali, do fundo do poço se pode encontrar as forças para fazer uma virada, mas não uma virada de mesa. É lutar com vigor, raça, com garra, descobrir um time de guerreiros, quando se tem ínfimas possibilidades de salvação, como aconteceu em 2009, e mudar a história de uma geração. Arrancar dali para uma série de títulos.
Elegância é ter orgulho de ser tricolor.
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