Não sei se a moda é atual, mas a cada notícia nacional de maior vulto, corremos para a internet para saber como os outros países estão vendo isso. Talvez seja um fruto das facilidades de comunicação. Agora, podemos ver na hora que saiu as reportagens em veículos de mídia famosos internacionalmente. [Agora, aliás, todo mundo lê o "Guardian". Todo mundo tem uma revista de música preferida. Todo mundo conhece os principais jornais dos países de maior destaque...] Talvez sempre tivemos essa vontade de ver como nos olham para saber como nos comportar. Talvez ainda não temos um caminho razoavelmente delimitado e vamos nos espelhando nos outros. Talvez.
Nada contra olhar para fora, nem mesmo se inspirar em práticas que podem funcionar aqui. O isolamento é um sentimento de onipotência que não merece ser incentivado. E a autossuficiência é uma miragem. O problema acontece de duas formas: quando nos apequenamos, e quando só vemos o problema pelos olhos dos outros.
O primeiro caso é mais simples de entender. Basta pensar que, se há brasilianistas em todos os países ricos, raramente encontramos um "norte-americanista" ou um "alemanista". Claro que essas figuras existem, mas eles não são reconhecidos do lado de lá, nos outros países, como autoridades, como pessoas que entendem das nações abordadas - salvo as raras exceções, como é o caso, por exemplo, da Cleonice Berardinelli, especialista, no caso, em Fernando Pessoa.
Não há reciprocidade. Há uma relação de objetivação, ou seja, de diminuição, por parte dos países ricos em relação a nós - mesmo que não seja o caso a caso -, e, do nosso lado, uma relação de idolatria, de transformar o outro num ideal fantasioso, inexistente.
O segundo caso é mais complicado. Seja pelo lado de mais sutil, seja porque é mais danoso. O melhor exemplo foi a reportagem do "Globo" sobre como o estupro da turista americana no Brasil manchava a imagem do país no exterior. Com esse tipo de reportagem, eu quase penso: ainda bem que mancha. Porque, qual seria a opção? Passarmos incólumes? Ou, o absurdo, ao olharem para esse tipo de assunto, nem se importarem com isso?
Mas o ponto aqui é outro. Por que esse caso - e qualquer outro - deve ser visto sob a ótica internacional? Por que temos que recorrer ao outro para dizer o que somos e como devemos nos comportar? Não somos capazes de dizer o que é bom ou ruim, para nós mesmos? Temos que nos utilizar das réguas dos outros?
Parecemos, com esse tipo de atitude, o filho pequeno que, ao cometer um erro, fica com medo não do erro em si, às vezes nem o percebe, mas da repreensão que vai levar dos pais. Ou o sujeito sem muita segurança com sua identidade que se baseia, única e exclusivamente, na opinião dos outros para formular os seus modos de viver.
Quando vamos ganhar a segurança da maturidade e andar com as nossas pernas?
Nada contra olhar para fora, nem mesmo se inspirar em práticas que podem funcionar aqui. O isolamento é um sentimento de onipotência que não merece ser incentivado. E a autossuficiência é uma miragem. O problema acontece de duas formas: quando nos apequenamos, e quando só vemos o problema pelos olhos dos outros.
O primeiro caso é mais simples de entender. Basta pensar que, se há brasilianistas em todos os países ricos, raramente encontramos um "norte-americanista" ou um "alemanista". Claro que essas figuras existem, mas eles não são reconhecidos do lado de lá, nos outros países, como autoridades, como pessoas que entendem das nações abordadas - salvo as raras exceções, como é o caso, por exemplo, da Cleonice Berardinelli, especialista, no caso, em Fernando Pessoa.
Não há reciprocidade. Há uma relação de objetivação, ou seja, de diminuição, por parte dos países ricos em relação a nós - mesmo que não seja o caso a caso -, e, do nosso lado, uma relação de idolatria, de transformar o outro num ideal fantasioso, inexistente.
O segundo caso é mais complicado. Seja pelo lado de mais sutil, seja porque é mais danoso. O melhor exemplo foi a reportagem do "Globo" sobre como o estupro da turista americana no Brasil manchava a imagem do país no exterior. Com esse tipo de reportagem, eu quase penso: ainda bem que mancha. Porque, qual seria a opção? Passarmos incólumes? Ou, o absurdo, ao olharem para esse tipo de assunto, nem se importarem com isso?
Mas o ponto aqui é outro. Por que esse caso - e qualquer outro - deve ser visto sob a ótica internacional? Por que temos que recorrer ao outro para dizer o que somos e como devemos nos comportar? Não somos capazes de dizer o que é bom ou ruim, para nós mesmos? Temos que nos utilizar das réguas dos outros?
Parecemos, com esse tipo de atitude, o filho pequeno que, ao cometer um erro, fica com medo não do erro em si, às vezes nem o percebe, mas da repreensão que vai levar dos pais. Ou o sujeito sem muita segurança com sua identidade que se baseia, única e exclusivamente, na opinião dos outros para formular os seus modos de viver.
Quando vamos ganhar a segurança da maturidade e andar com as nossas pernas?
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