Não sejamos conservadores: não há qualquer problema - a princípio - em todo mundo nesta geração se achar criativo. Em todas as pessoas, de uma maneira ou de outra, quererem ser "artistas" da sua profissão. Há gente criativa em todos os ambientes profissionais: do design, essa área cool por excelência, que cresceu nos últimos anos de importância como talvez nenhuma outra, à engenharia, o ícone da sem-gracice, da falta de manemolência.
Como disse, o fato em si de se achar criativo não é um problema. No máximo, há falta de semancol: saber que, mesmo que você queira muito, a verdade é que, bem, não, você não é, assim, tão criativo. A questão é saber o que é ou não ser criativo. Quem decide isso. Com que critérios. É o mesmo caso para os "artistas" - a autodenominação é apenas um dos elementos, mas, provavelmente, mais fraco que todos os demais.
Eu provavelmente não saberia dizer o que torna alguém mais ou menos criativo. Mas imagino que, entre todos os parâmetros, poderíamos considerar um que é quase certo de figurar: a modificação do processo existente - não no sentido de "evolução", ou de "melhora", mas no de simplesmente se modificar o que havia antes. Se, por exemplo, houver muitos elementos de contato entre uma produção atual e uma antiga, é normal que as pessoas digam que há falta de criatividade nessa produção. Por isso, é importante, talvez indispensável, ser diferente, outro. [Novamente entraríamos num mesmo problema: quais são os critérios que tornam algo "diferente" de outro? Mas simplifiquemos para seguir adiante.]
O meu ponto aqui é: para ser diferente, então, é necessário saber o que houve antes. Em outras palavras, conhecer a tradição. Não a ponto de se aprisionar, mas o suficiente para experimentar o que Harold Bloom chama, em sua máxima tese, de "The anxiety of influence", ou seja, saber que temos que nos alimentar do passado, mas já tendo consciência de que teremos que suplantá-lo, modificá-lo, transformá-lo [novamente, por favor, sem noção de "progresso", aqui].
Porque, sem passado, sem a tradição, seríamos capazes de apenas repetir eternamente a mesma e igual produção. Se ninguém se lembrasse de nada, diariamente inventaríamos a roda. Não é o caso.
Agora, o que acontece com uma geração que é toda criativa, quando é, também, só e apenas produtiva? Outra vez estou generalizando, e aprofundando um aspecto que não é possível medir. Mas, consideremos essa hipótese exagerada: o que acontece com uma geração em que todos produzem e ninguém consome? Dando exemplos mais à mão: em que todo mundo escreve, cria vídeos, desenha, fotografa, mas ninguém lê, assiste, observa, absorve? O que acontece com uma geração em que a memória, essa memória necessária para comparações, é esvaziada e terceirizada para a virtualidade, onde os critérios de hierarquia são algorítimos? Provavelmente, num modo de se destacar de um fundo de inoperância, todos se acham criativos. E ninguém verdadeiramente o é.
Como disse, o fato em si de se achar criativo não é um problema. No máximo, há falta de semancol: saber que, mesmo que você queira muito, a verdade é que, bem, não, você não é, assim, tão criativo. A questão é saber o que é ou não ser criativo. Quem decide isso. Com que critérios. É o mesmo caso para os "artistas" - a autodenominação é apenas um dos elementos, mas, provavelmente, mais fraco que todos os demais.
Eu provavelmente não saberia dizer o que torna alguém mais ou menos criativo. Mas imagino que, entre todos os parâmetros, poderíamos considerar um que é quase certo de figurar: a modificação do processo existente - não no sentido de "evolução", ou de "melhora", mas no de simplesmente se modificar o que havia antes. Se, por exemplo, houver muitos elementos de contato entre uma produção atual e uma antiga, é normal que as pessoas digam que há falta de criatividade nessa produção. Por isso, é importante, talvez indispensável, ser diferente, outro. [Novamente entraríamos num mesmo problema: quais são os critérios que tornam algo "diferente" de outro? Mas simplifiquemos para seguir adiante.]
O meu ponto aqui é: para ser diferente, então, é necessário saber o que houve antes. Em outras palavras, conhecer a tradição. Não a ponto de se aprisionar, mas o suficiente para experimentar o que Harold Bloom chama, em sua máxima tese, de "The anxiety of influence", ou seja, saber que temos que nos alimentar do passado, mas já tendo consciência de que teremos que suplantá-lo, modificá-lo, transformá-lo [novamente, por favor, sem noção de "progresso", aqui].
Porque, sem passado, sem a tradição, seríamos capazes de apenas repetir eternamente a mesma e igual produção. Se ninguém se lembrasse de nada, diariamente inventaríamos a roda. Não é o caso.
Agora, o que acontece com uma geração que é toda criativa, quando é, também, só e apenas produtiva? Outra vez estou generalizando, e aprofundando um aspecto que não é possível medir. Mas, consideremos essa hipótese exagerada: o que acontece com uma geração em que todos produzem e ninguém consome? Dando exemplos mais à mão: em que todo mundo escreve, cria vídeos, desenha, fotografa, mas ninguém lê, assiste, observa, absorve? O que acontece com uma geração em que a memória, essa memória necessária para comparações, é esvaziada e terceirizada para a virtualidade, onde os critérios de hierarquia são algorítimos? Provavelmente, num modo de se destacar de um fundo de inoperância, todos se acham criativos. E ninguém verdadeiramente o é.
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