quinta-feira, 11 de abril de 2013

Especialista de p... nenhuma

Há uma cena de "Ghost world", filme de Terry Zwigoff, em que o personagem de Steve Buscemi [Seymour] vai a um show de um cantor razoavelmente underground, de quem ele é fã, que - contra a opinião dele - apenas abria para uma banda bem mais pop. Ele fica lá, sentado, apreciando a apresentação e reclamando do barulho feito pelos vizinhos de mesa, que não fazem o silêncio joão-gilbertiano que ele julga ser necessário.

Quando, já terminada o concerto, a personagem de Thora Birch [Enid] sugere que ele converse com uma mulher parada ao bar. Enid estava tentando arranjar uma namorada para ele, já que ela se identificava muito com Seymour e acreditava que se ela conseguisse arranjar um par para esse sujeito fora de esquadro, ela também teria algum tipo de esperança. A moça, após ser convencida pela Enid, se senta à mesa, mas o silêncio impera entre ela e Seymour.

Após uns instantes de constrangimento, a moça começa a falar: elogia o show do cantor de quem ele é fã, dizendo que adora blues. Seymour, um grande colecionador de álbuns antigos de todas as vertentes da música negra do sul dos EUA, e um especialista nas suas quase infinitas subdivisões, retruca dizendo que tecnicamente o fulano não tocava blues, e lhe explica qual é o subgênero específico, dando uma longa e entediante aula de contextualização que remete ao início do século XX.

A moça, que só queria puxar um papo, jogar conversa fora, fica assustada, e se cala. O silêncio volta à mesa. Logo em seguida, para a alegria de ambos, o show da banda pop começa e ela se levanta para se acabar de dançar. Seymour, claro, fica sentado. Alguém esbarra na sua cerveja, derruba um pouco na sua calça e ele decide, então, ir embora. Reclamando.

Aqui há uma compilação de momentos em que Seymour mostra todo o seu traquejo social, mas não há especificamente essa cena que me chamou atenção:



Tudo isso para dizer que o especialista é um chato. 

Nenhum comentário: