OK. Vamos tentar seguir a lógica do Estado neste episódio da greve da educação no Rio de Janeiro para tentar entender o grau de violência utilizado pela Polícia Militar ontem - e sempre - contra os manifestantes.
Bombas de gás jogadas indiscriminadamente, bombas de efeito moral, spray de pimenta, cassetetes em quem estiver na frente, tiros com balas de borracha, entre outros recursos "não letais", só seriam utilizados quando os PMs são primeiramente atacados, geralmente por grupos vestidos de preto e encapuzados. Aliás, hoje, após um lei esdrúxula ser aprovada, o ato de andar mascarado torna alguém um criminoso, se eu entendi bem. Portanto os policiais estariam apenas se defendendo, e defendendo o patrimônio público. Agindo de acordo com a lei, a lei estaria do lado deles. Mas aí a lógica começa a entortar.
Quando age de maneira a expulsar todas as pessoas das ruas, os policiais também quebram a lei, porque eles estão impedindo o direito à manifestação. Também ao usar exageradamente da força, estariam praticando o abuso de poder. Claro que não há termômetro que controle a força utilizada, mas sugiro [talvez idealisticamente] que nesse caso o melhor seria errar para menos. O policial, na minha opinião, foi feito mais para apanhar que para bater.
Além disso, ao usar o argumento de "ele que começou", a polícia se comporta de maneira infantil, que só sabe revidar, jamais propor realmente a segurança pública. Em tese [e novamente estou sendo idealista], a polícia, mesmo com o monopólio da violência, não existe para praticá-la, mas para manter as pessoas seguras - isso, inclusive dela própria. Ao argumento de que o policial perde a cabeça ao ser atacado, poderia argumentar que o problema é do policial, mas diria apenas que o problema é do policial que deixou a chance de ele próprio perder a cabeça.
Por fim, se esse for a única maneira de a polícia agir, de maneira vingativa, há dois problemas estruturais aí. Primeiro, que basta infiltrar um agente à paisana entre os manifestantes para acender o pavio e aí toda e qualquer violência seja justificada. O que, bem, não precisa ser um gênio para perceber. Se isso não bastasse, ao revidar de maneira desproporcional, a polícia alimenta a espiral de violência: o grupo de insatisfeitos vai querer mais e mais violência para se vingar dos policiais.
É a mesma lógica aplicada contra traficantes em favelas: reprimir todo mundo, independentemente de suas origens, de seus atos. Quando o policial vai revistar um morador de favela, ele não pede por favor os documentos. Ele bate na cara e o esculacha, antes de falar qualquer coisa. Será que a polícia só sabe agir na chave do ódio?
Por isso eu suspeito - e repito - que há um forte componente sádico entre os policiais, misturado com uma insegurança do reprimido. É o momento que o policial pode devolver à sociedade toda a maneira como ele se sente tratado. O problema é que esse cara usa uma arma.
Bombas de gás jogadas indiscriminadamente, bombas de efeito moral, spray de pimenta, cassetetes em quem estiver na frente, tiros com balas de borracha, entre outros recursos "não letais", só seriam utilizados quando os PMs são primeiramente atacados, geralmente por grupos vestidos de preto e encapuzados. Aliás, hoje, após um lei esdrúxula ser aprovada, o ato de andar mascarado torna alguém um criminoso, se eu entendi bem. Portanto os policiais estariam apenas se defendendo, e defendendo o patrimônio público. Agindo de acordo com a lei, a lei estaria do lado deles. Mas aí a lógica começa a entortar.
Quando age de maneira a expulsar todas as pessoas das ruas, os policiais também quebram a lei, porque eles estão impedindo o direito à manifestação. Também ao usar exageradamente da força, estariam praticando o abuso de poder. Claro que não há termômetro que controle a força utilizada, mas sugiro [talvez idealisticamente] que nesse caso o melhor seria errar para menos. O policial, na minha opinião, foi feito mais para apanhar que para bater.
Além disso, ao usar o argumento de "ele que começou", a polícia se comporta de maneira infantil, que só sabe revidar, jamais propor realmente a segurança pública. Em tese [e novamente estou sendo idealista], a polícia, mesmo com o monopólio da violência, não existe para praticá-la, mas para manter as pessoas seguras - isso, inclusive dela própria. Ao argumento de que o policial perde a cabeça ao ser atacado, poderia argumentar que o problema é do policial, mas diria apenas que o problema é do policial que deixou a chance de ele próprio perder a cabeça.
Por fim, se esse for a única maneira de a polícia agir, de maneira vingativa, há dois problemas estruturais aí. Primeiro, que basta infiltrar um agente à paisana entre os manifestantes para acender o pavio e aí toda e qualquer violência seja justificada. O que, bem, não precisa ser um gênio para perceber. Se isso não bastasse, ao revidar de maneira desproporcional, a polícia alimenta a espiral de violência: o grupo de insatisfeitos vai querer mais e mais violência para se vingar dos policiais.
É a mesma lógica aplicada contra traficantes em favelas: reprimir todo mundo, independentemente de suas origens, de seus atos. Quando o policial vai revistar um morador de favela, ele não pede por favor os documentos. Ele bate na cara e o esculacha, antes de falar qualquer coisa. Será que a polícia só sabe agir na chave do ódio?
Por isso eu suspeito - e repito - que há um forte componente sádico entre os policiais, misturado com uma insegurança do reprimido. É o momento que o policial pode devolver à sociedade toda a maneira como ele se sente tratado. O problema é que esse cara usa uma arma.
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