Esses "homens bons" estão todos moralizados até a medula, e quanto à honestidade arruinados e estragados por toda a eternidade: qual deles ainda toleraria uma verdade "sobre o homem"!... Ou, de modo mais concreto: qual deles suportaria uma verdadeira biografia?... Alguns indícios: lord Byron redigiu coisa muito pessoal sobre si mesmo, mas Thomas Moore era "bom demais" para aquilo: queimou os papéis do amigo. O mesmo deve ter feito o dr. Gwinner, executor testamentário de Schopenhauer: pois também Schopenhauer havia escrito algo sobre si, e talvez contra si. O competente americano Thayer, biógrafo de Beethoven, interrompeu subitamente o seu trabalho: chegando a um certo ponto daquela vida ingênua e respeitável, não mais a suportou... Moral: que homem prudente escreveria hoje uma palavra honesta sobre si? - para isso, teria que pertencer à Ordem da Santa Temeridade. Prometem-nos uma autobiografia de Richard Wagner: quem duvida que será uma autobiografia prudente?...Lembrei dessa discussão sobre biografias quando li a frase acima escrita por Nietzsche em "A genealogia da moral". Agora, lembro dessa frase ao ver que essa discussão voltou.
Acho que, para parafrasear um outro senhor famoso, só estaremos livres deste problema quando o último biografado for enforcado com as tripas do último herdeiro.
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