[...] Quincas Borba já adulto, quando o menino que gostava de representar qualquer personagem que tivesse “supremacia” se torna um mendigo. Filósofo, mendigo e ladrão, que lhe rouba um relógio nesse reencontro .
Nesse momento é quase impossível não lembrar de outro filósofo que poderia ser visto, pelos padrões atuais, como um mendigo: Diógenes, o cínico, um dos filósofos com maior número de anedotas ligadas à sua biografia. Entre as mais famosas está a que mostra um encontro entre ele e Alexandre, o Grande. Quando o conquistador lhe pergunta o que poderia fazer por ele, o filósofo apenas pede que ele saia de sua frente porque estava lhe tapando o sol. Consta também que Alexandre teria dito que se não fosse Alexandre, gostaria de ter sido Diógenes. Outra história associada ao nome do filósofo nascido em Sinope lembra que ele usava uma lanterna, mesmo durante o dia, para procurar um homem verdadeiro. Tendo estudado com Antístenes – um dos discípulos de Sócrates – e com um pensamento que teria influenciado os estóicos, diz-se também que ele vivia apenas em um barril à guisa de casa e que teria abandonado a cuia que carregava para beber água quando observou um menino usando as mãos para o procedimento e percebeu como ainda vivia com supérfluos.
Além de cínico e de ser um homem sem posses, que unem tanto Quincas Borba como Diógenes, há ainda uma terceira questão – também anedótica, mas que não poderia ser diferente num autor que se propõe ser além de filosófico, também humorístico – é a ligação com os cachorros. Diz-se ainda que Diógenese se comportaria como um cão, sendo esse também uma das formas como ele ficou conhecido. Aliás, o termo “cínico” vem do grego kynikos, a forma adjetiva de kynon que quer dizer “cão”.
[Trecho de monografia que aborda Diógenes, talvez o primeiro filósofo de quem eu ouvi falar.]
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